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15 de setembro de 2023

Cartilha “Do poço à roda”

Da teoria à prática, conscientização necessária e premente.

Segunda-feira, 3 de julho, foi o dia mais quente já registrado na Terra, diz agência dos EUA. Dados dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos apontam que a temperatura média global atingiu a marca de 17,01°C na data.

Diante dessa constatação irreversível, assustadora e catastrófica, cada vez mais se torna imprescindível o engajamento de todos os agentes da economia e das populações mundiais no processo de descarbonização dos meios produtivos.

A AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva faz parte dessa cadeia produtiva, também responsável por administrar e colaborar com os fatores de uso de materiais, processos e até de logística reversa em prol da emissão zero ou baixos índices de pegada de carbono.

Nesse sentido, a entidade -por meio da cartilha “Do poço à roda” – pretende orientar os consumidores finais de automóveis de passeio quanto aos cálculos simplificados de emissão de carbono e de eficiência energética de motores a combustão interna e de veículos eletrificados.

Vale destacar que a AEA, ao disponibilizar a cartilha do “Do poço à roda”, entende que está colaborando efetivamente com o processo de conscientização dos proprietários de automóveis que, por sua vez, vão considerar a pegada de carbono como fator tão importante quanto à motorização, design, itens de conforto e de conectividade.

Em outras palavras, processo de descarbonização significa menos emissão de CO2, por meio de automóveis mais eficientes do ponto de vista energético. Ou seja, o seu carro estará poluindo menos o meio ambiente e, portanto, contribuindo para que menos pessoas sofram de doenças causadas pela poluição.

Cartilha – A indústria automobilística mundial encontra-se em um dos momentos mais importantes de transformação tecnológica, resumida – em princípio – ao divisor de águas entre motores a combustão interna e eletrificados. A cartilha “Do poço à roda”, da AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, traz ao setor e ao mercado brasileiro uma contribuição técnica, como sempre o fez nesses 38 anos de existência da entidade que reúne empresas do segmento, Governo, universidades, em trabalhos conjuntos com as demais entidades da cadeia.

O conceito “Do poço à roda” tem sido amplamente discutido e será implementado no Rota 2030, fase 2, em 2027, para veículos leves. Trata-se de um conceito mais amplo no qual se avalia o impacto do setor de transporte de veículos leves nas emissões de gases de efeito estufa (CO2). Por esse conceito, consideram-se as emissões de CO2 na produção dos energéticos e no uso do veículo (veja o infográfico).

 

O Brasil tem o privilégio de contar com cerca de 47% de energias renováveis (hidráulica, biomassa, eólica e solar) de sua matriz energética para mover a mobilidade e a produção, enquanto o restante do mundo, em média, desfruta-se de apenas 14% de renováveis ante 86% de energias não renováveis (gás natural, derivados de petróleo de carvão e nuclear).

A matriz elétrica brasileira contribui bastante para este cenário, uma vez que mais de 80% da energia elétrica brasileira em 2020 era proveniente de fontes renováveis chegando a 90% em 2027 pelas projeções da EPE.

Por esse cenário, a leitura e a aplicabilidade desta cartilha devem considerar o quadro da matriz energética brasileiro, diante de todos os protocolos de sustentabilidade, mas alicerçados no tripé social, ambiental e econômico do País, agraciado por ampla matriz energética renovável e, em paralelo, detentor da tecnologia flexfuel que, segundo estudos do Sindipeças, chegou a quase a 70% da frota circulante do país (se considerarmos apenas veículos e comerciais leves este número é ainda maior).

A AEA realizou dois importantes estudos para suportar o cálculo deste impacto: a metodologia de cálculo e a intensidade de carbono dos energéticos no Brasil, em vários anos, e que pode ser vista no gráfico.

Pode-se perceber que a intensidade de carbono do etanol é muito menor que a intensidade de carbono da gasolina e similar à intensidade da eletricidade, mas como mostra o infográfico o impacto do poço a roda é preciso combinar esses valores com as eficiências energéticas dos veículos. Usando a cartilha da AEA e os valores do PBEV 2023 para a categoria grande, foi possível simular as emissões considerando o percentual de uso de etanol e também se os veículos flex rodassem apenas com etanol para os veículos com motor a combustão interna.

 

O aumento do uso do etanol gera enorme potencial na redução de CO2, que pode chegar até 50% se um veículo flex usasse somente etanol.

Também foi feita uma simulação comparando o veículo elétrico da mesma categoria Grande (PBEV2023) rodando no Brasil, na Europa e Estados Unidos. Como a matriz elétrica brasileira contará com mais de 90% renovável em 2027, o veículo elétrico no Brasil emitirá menos da metade que um elétrico na Europa, mesmo considerando uma melhoria na matriz Europeia de aproximadamente 30% em relação a 2020 (segundo o ICCT) e um quarto da emissão de um elétrico nos Estados Unidos.

O Brasil possui excelentes alternativas para reduzir a pegada de carbono dos veículos leves, pois além da eletricidade limpa, o etanol é uma excelente solução principalmente para a frota circulante que já detém mais de 70% de carros flex. Como a renovação da frota tem diminuído ao longo dos anos (em 2022 somente 4% da frota de veículos e comerciais leves era nova), esse fato se torna ainda mais relevante.

A cartilha mostra um passo a passo de como calcular as emissões de CO2 “Do poço à roda” baseado em dados públicos, de forma que toda a sociedade possa entender e calcular este impacto ambiental , além de compartilhar os conceitos.

A metodologia de cálculo de emissões de gases de efeito estufa está disponível no site www.aea.org.br 

 

Raquel Mizoe – Diretora de Emissões e Consumo Leves

Murilo Ortolan – Diretor de Tendencias Tecnológicas