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Seminário de Inovação em Powertrain mostra as ações conjuntas da indústria, universidades, associações e governo em prol da descarbonização.

Por Não especificar um autor

Os desafios ainda são grandes, mas o trabalho conjunto de empresas, universidades, entidades e governo vem sendo fundamental para os avanços no desenvolvimento de novas tecnologias veiculares com vistas à descarbonização no Brasil. Ações nessa área foram debatidas na 7ª edição do Seminário de Inovação em Powertrain, promovido pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, que teve por tema “O futuro carbono-neutro: a hidrogenação da mobilidade”.
Realizado na manhã da ultima quinta-feira, 11, o evento online foi dividido em três painéis: políticas públicas, mercado/produção e tecnologias da mobilidade. Sua abertura esteve a cargo de Francisco Nigro, presidente do Conselho Diretor da AEA, e a coordenação foi de Christian Wahfried.

A primeira palestrante, Mônica Panik, da ABH2, Associação Brasileira de Hidrogênio, abordou o cenário do “H2 no mundo”, mostrando que segmento de veículos pesados é o que mais vem recebendo investimentos nesse sentido. Citou exemplos de caminhões desenvolvidos pela Hyundai e Toyota, dentre outras marcas, enfatizando que “no caso da célula de combustível, quanto maior o porte do veículo, melhor”.

Assim como os demais participantes do seminário, Mônica lembrou que todos os sistemas em desenvolvimento hoje, incluindo elétricos a bateria, elétricos plug-in e célula de combustível, não vão competir entre si, mas serão complementares. “Vai depender da aplicação”, comentou.

Ela também fez questão de ressaltar que o Brasil tem inúmeras fontes para produzir hidrogênio, dizendo que “o sonho brasileiro de ter tecnologia de hidrogênio movida a etanol tem de começar agora”. Nesse mesmo sentido, Marlon Arraes, do Ministério das Minas e Energia, enfatizou os incentivos ao desenvolvimento da célula de combustível a etanol no contexto do “Programa Nacional do Hidrogênio”.

Na avaliação do representante do governo, o Brasil é importante liderança mundial na transição energética, com grande potencial de cooperação internacional em biocombustíveis. Ele disse ser necessária uma integração entre os programas existentes atualmente, citando, entre outros, o Rota 2030, Renovabio, o Biodiesel e o Proconve.

“O importante é a análise do ciclo de vida do poço à roda. Nesse contexto, nosso flex, por exemplo, é competitivo com os elétricos” avaliou Arraes.

Parcerias importantes – No segundo painel do seminário, “Mercado/Produção”, a primeira palestra foi a de Alessandro Colucci, da AHK, Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, sobre “Cenário da produção de H2 verde no Brasil”. Ele lembrou que a Alemanha aposta no hidrogênio, mas terá de importar 90% do que for utilizar internamente.

“O H2 verde é o produto do futuro. Nós fomos chamados pelo governo da Alemanha para fazer divulgação da tecnologia aqui”, comentou Colussi, dizendo que também representava no evento a Câmara do Rio de Janeiro. “Há espaço para importantes parcerias Brasil-Alemanha em prol do hidrogênio verde”, garantiu.

Em se tratando de parcerias, as universidades têm peso importante no desenvolvimento de novas tecnologias veiculares no Brasil. Também no segundo painel, Gerhart Ett, da FEI, falou sobre “P&D de H2 verde”, lembrando que a instituição, que realiza curso de especialização em hidrogênio, tem um laboratório de engenharia eletroquímica com foco no H2.

Dentre várias parcerias, citou uma que a FEI mantém com a Universidade Federal de Minas Gerais, a Sabó, a AVL e a Fundep, que envolve o projeto “eficiência energética em motores flex com enriquecimento de hidrogênio obtido por reforma catalítica embarcada”. Enfatizando que o Brasil é rico em fontes de hidrogênio, Gerhart Ett abordou também a produção do H2 a partir do etanol, uma solução que pode ser de grande relevância para o País.

No terceiro painel do seminário da AEA – “Tecnologias da mobilidade”, Eugenio Coelho, da AVL, falou sobre “Tecnologias de propulsão, hidrogênio e biocombustíveis”. Assim como a primeira palestrante, também o representante da AVL comentou que a aplicação do uso do hidrogênio para propulsão está mais avançada nos veículos comerciais pesados.

Ele também avaliou que a transição dos combustíveis fósseis ainda levará muitos anos, mas destacou importantes projetos em curso com o hidrogênio, como a célula de combustível PEM e a tecnologia SOFC (Solide Oxide Fuel Cells), que permite trabalhar tanto com etanol como com combustíveis fósseis.

A Nissan, inclusive, tem projeto de uso da célula de combustível SFOC com etanol, assunto abordado pelo gerente sênior de engenharia da montadora no Brasil, Ricardo Abe, na última palestra do seminário, cujo tema foi “Desafios vencidos e a vencer”.

Ao lembrar que o projeto é coordenado pela matriz japonesa em parceria com as engenharias dos Estados Unidos e do Brasil, Abe informou já haver avanços importantes para aplicação da tecnologia em veículos. “Já conseguimos reduzir o tamanho do sistema e os custos. Esse sistema produz o hidrogênio dentro do reformador”, explicou.

Segundo o executivo, os testes com o e-Bio fuel-cell EV no Brasil começaram em 2016, destacando ser essa uma tecnologia bastante viável no País. O seminário foi encerrado com um debate coordenado por Helton José Alves, da Universidade Federal do Paraná, quando todos os palestrantes tiveram oportunidades de tirar dúvidas e expor considerações finais sobre as novas tecnologias em powertrain.
Foi posição consensual que o maior desafio em relação a hidrogenação ainda é o custo. Mônica Panik disse que uma das formas de reduzir o custo do hidrogênio verde é reduzir o custo da energia renovável. Com relação ao veículo, a escala é fundamental, assim como a nacionalização do máximo possível de peças.

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