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Seminário da AEA revela tendências em segurança e conectividade

Por Não especificar um autor

23/05/2022 – No Seminário de Segurança e Conectividade, promovido pela AEA – Associação Brasileira da Engenharia Automotiva na manhã da última quinta-feira, 19 de maio, executivos do setor automotivo, incluindo fornecedores, apresentaram as propostas em estudo para garantir os necessários avanços nos veículos brasileiros, assim como também reconheceram os desafios frente às dificuldades de repasse dos custos das inovações para o consumidor brasileiro.

Marcus Vinicius Aguiar, vice-presidente da AEA, abriu o evento às 9h destacando o tema principal deste ano – “A era do 5G e seus impactos na conectividade e segurança veicular”. Na sequência, o representante do Sindipeças, Jefferson Oliveira, falou sobre a regulamentação de itens de segurança na Resolução 717/2017 do Contran.

“Em seu Artigo 1º, essa resolução estabelece cronograma de estudos técnicos e proposta para a regulamentação dos itens de segurança veicular. De 38 itens propostos, alguns foram concluídos antes do final de 2018, quando os trabalhos foram interrompidos para priorizar os estudos do Rota 2030. A retomada dos trabalhos, prejudicada pela pandemia, só ocorreu no início de 2021em reuniões virtuais”.

Importante, no entanto, é que já estão em estágio avançado as propostas de adoção de Itens como AEBS, Advanced Emergency Braking System ou sistema avançado de frenagem de emergência, e LDWS, Lane Departure Warning System ou sistema de alerta de saída de faixa.

“No primeiro caso, os estudos sobre a incorporação do item em veículos leves e pesados já foram concluídos e encaminhados à Senatran, Secretaria Nacional de Trânsito. Em relação ao LDWS, já houve encaminhamento para os pesados e estamos concluindo a proposta relativa aos leves”. Também em análise pelo grupo de trabalho formado por Anfavea, Sindipeças, Abraciclo, AEA e outras entidades ligadas ao setor, a questão do ABS e CBS para motocicletas.

Carla Pachu, engenheira de regulamentação da General Motors América do Sul, fez palestra no Seminário da AEA sobre “Equipamentos obrigatórios para circular em vias públicas – atualização da regulamentação Contran”. Ela abordou o fato de nem todos os itens de segurança serem passíveis de fiscalização. “Dos novos 29 itens incorporados nos últimos anos, 19 podem ser fiscalizados, mas o restante só poderia ser verificado com o carro rodando”.

A engenheira da GM também mostrou, por segmento, os itens de segurança já existentes e os que estão sendo atualizados ou em fase de criação.

Conectividade e o 5G – Depois do intervalo, na segunda metade do seminário, o tema foi conectividade. André Pelisser, da ETAS, falou sobre “Cibersegurança automotiva: motivações, desafios e soluções”, destacando que esse tema só está ganhando mais espaço no Brasil agora.

“Um veículo pode ter mais de 100 computadores diferentes, que controlam absolutamente tudo”, lembrou Pelisser. “E a tendência é a de se ter uma arquitetura e metodologia de software embarcado cada vez mais flexível, com o automóvel se aproximando de um smartphone. Ou seja, teremos um carro definido mais pelo software que está rodando do que pelo hardware que foi desenvolvido no projeto inicial. É nesse contexto que entra a cibersegurança”.

O executivo explica que todo o ciclo do veículo tem de ser protegido, incluindo a fase de produção, a infraestrutura e o produto em si. “É preciso mitigar os riscos”.

Ainda no segundo bloco do seminário, Francisco Soares, da Qualcomm, e Antonio Azevedo, da LogiGo, dividiram a palestra Smart Transportation: C-V2X Technology. O representante da Qualcomm fez um pequeno relato sobre a história da companhia, revelando o registro acumulado de mais de 100 mil patentes.

“São 18 montadoras que atualmente utilizam nossa tecnologia Qualcomm Snapdragon Automotive Infoitainment Platform”, informou Soares, revelando, ainda, que são mais de 100 milhões de veículos atualmente rodando com processadores da empresa.

Entre outros pontos, o executivo destacou a importância de serem feitas atualizações constantes dos softwares, vislumbrando, a partir do que já existe atualmente, uma transformação total da mobilidade urbana: “O carro também vai poder falar com outro carro, assim como também estará conectado com o pedestre e com as redes de operadoras”.

Ao comentar que o mundo automotivo caminha nesse sentido, Soares falou da necessidade de investimentos em logística e infraestrutura que garantam a mobilidade do futuro, assim como da disseminação do 5G, que vai melhorar a comunicação e, assim, contribuir para que o setor caminhe para a direção autônoma.

Antonio Azevedo, da LogiGo, também abordou a questão da conectividade com foco no carro autônomo. “Hoje há uma verdadeira sopa de letrinhas relativas aos itens de auxílio à direção visando maior segurança. O objetivo final, contudo, é o veículos 100% autônomo. As tecnologias já estão disponíveis, mas é preciso avanços em infraestrutura”.

Nesse contexto, Azevedo fez questão de enfatizar que o 5G é a cereja do bolo. “Não precisamos necessariamente do 5G para ter carro autônomo. Mas podemos contar com o 5G para termos sistemas com comunicação muito mais rápida e segura de veículo com veiculo e com qualquer outra coisa que faça sentido”.

Além disso, o executivo da LogiGo destacou como positivo o fato de o 5G também permitir que os veículos não tenham que processar tanta informação em seus computadores, “processando isso na nuvem e devolvendo as informações aos veículos em tempo curto”.

Para encerrar o seminário, Ricardo Takahira coordenou um debate sobre todos os temas apresentados. Nessa ocasião, entrou em pauta a questão dos custos envolvidos na incorporação de novas tecnologias, que impactam no preço final do produto com risco de afugentar o consumidor.

Carla Pachu, da GM, disse ser necessário entender o mercado e agregar custo aonde for possível ter resultado palpável. “O consumidor  brasileiro não tem o mesmo poder aquisitivo dos que moram nos Estados Unidos ou na Europa. Estamos evoluindo e temos um futuro promissor, mas temos de caminhar de acordo o mercado”, comentou a executiva, que foi apoiada em sua análise pelos demais palestrantes.

Azevedo, da LogiGo, lembrou que desde 2016 existe a possibilidade de a indústria automotiva brasileira entregar produto com conectividade, mas esse processo foi lento inicialmente e ainda há muito a evoluir: “No Brasil, as montadoras têm de focar produto em custo”.

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