Segmento de lubrificantes brasileiro é uma referência global em economia circular
Roberta Teixeira é diretora executiva de Lubrificantes da AEA e Diretora de Tecnologia e Sustentabilidade na ICONIC.
A dias do início da COP 28, em 30 de novembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), líderes corporativos e governos de todo o mundo elevam o tom da discussão em torno das alterações climáticas do planeta. Enquanto a sociedade civil cobra investidores e corporações para encontrar soluções com foco no tema, as organizações públicas e privadas trabalham juntas para a criação de alternativas em recursos renováveis. Neste contexto, a tecnologia tem sido um aliado fundamental para as empresas aplicarem o conceito de economia circular em suas operações, já que hoje é possível propiciar sistemas industriais integrados, restaurativos e regenerativos.
Entre os setores que se destacam está o de segmento de lubrificantes brasileiro, que bem antes da Lei de Resíduos Sólidos, de 2010, já se caracterizava por promover a economia circular em sua produção. O Brasil se tornou uma referência global em economia circular nas últimas duas décadas para diversos setores estratégicos da economia e também de outros países. Podemos elencar alguns motivos para este sucesso, como a utilização de resíduos como matéria-prima e a correta destinação de óleos usados ou contraminados, conhecidos como OLUC.
Mesmo em uma cadeia longa – que vai desde a extração e refino do petróleo à coleta de óleo usado e embalagens plásticas nos lugares mais distantes do Brasil – o segmento coletou cerca de 565 milhões de litros de OLUC em mais de 4.250 municípios em 2021, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Nos últimos três anos, também segundo o MMA, o setor privado investiu R$ 424 milhões para garantir a coleta e a destinação correta do material.
A coleta de OLUC produziu 330 milhões de litros de óleos básicos rerrefinados – contribuindo com 15% da demanda pelo produto no país neste mesmo período – que retorna para a cadeia produtiva como matéria-prima na produção de novos óleos lubrificantes. É importante notar que a cadeia do lubrificante se enquadra perfeitamente na economia circular porque é um ciclo fechado.
As embalagens dos lubrificantes também são reaproveitadas. O trabalho de coleta é gerenciado pelo Instituto Jogue Limpo. Em 2022, a instituição coletou mais de 5 mil toneladas de embalagens plásticas, o que representa 100 milhões de unidades. Devemos reforçar que a coleta tem um papel social muito importante: junto com rerrefino, gera cerca de 12,5 mil empregos diretos e indiretos, segundo dados do MMA.
Em mais uma frente, a indústria já adota embalagens de produto com base em PCR, resina obtida a partir da reciclagem de embalagens plásticas, para serem utilizadas em linhas de lubrificantes. A logística reversa do lubrificante ainda contribui para a preservação de recursos hídricos, solo, ar e já evitou a emissão de seis milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, entre 2019 e 2021, segundo o MMA.
Este processo robusto de economia circular é uma das grandes contribuições que a indústria de lubrificantes realiza para firmar o seu compromisso em proporcionar um mundo mais sustentável para as gerações futuras.
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